Pernambuco tem maior consumo de comidas ultraprocessadas e de refrigerantes no Nordeste, diz IBGE

Os pernambucanos são os maiores consumidores de refrigerantes e de alimentos ultraprocessados em todo o Nordeste. Além disso, a realização de atividades físicas no lazer está abaixo da média nacional. Essas informações fazem parte de uma pesquisa divulgada nesta quarta (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019: “Percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal” foi feita a partir de um trabalho realizado com o Ministério da Saúde. As equipes coletaram os dados entre 26 de agosto de 2019 e 13 de março de 2020.

Sobre o consumo de produtos ultraprocessados, o IBGE apontou que esse hábito alimentar é adotado por 11,9% da população pernambucana, contra 8,8% da média regional. No Brasil, a média é de 14.3%.

O percentual sobe entre os jovens de 18 a 24 anos e fica em 23%. Além disso, 10,7% dos habitantes do estado relataram consumo excessivo de sal.

Em relação ao consumo de refrigerantes, 7,3% do pernambucanos tomavam a bebida cinco ou mais vezes por semana, contra 5,2% da média regional. No Brasil, o índice é ainda mais alto: 9,2%.

Os sucos de caixinha, em lata ou em pó são utilizados por 6,8% da população do estado, a mesma média da região.

Ainda de acordo com o IBGE, a pesquisa abordou o consumo regular de bolos, tortas, chocolates, gelatinas, balas, biscoitos ou bolachas recheadas, em cinco dias ou mais na semana.

No estado, 13,9% dos habitantes se enquadravam nessa situação. O resultado fica acima da média nordestina (11,8%), mas abaixo do Brasil (14,8%).

Quanto mais jovem a faixa de idade, maior é a compra de guloseimas: 24,5% dos pernambucanos de 18 a 24 anos comiam frequentemente, ao menos um desses produtos, contra 9,6% dos idosos.

O Recife é a terceira capital brasileira com os maiores índices (18,8%), atrás apenas de Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP).

ALIMENTOS SAUDÁVEIS

Segundo o estudo, em Pernambuco, 9,8% das pessoas consumiam ao menos 25 porções de frutas e hortaliças, incluindo sucos, por semana. Essa taxa ficou acima da média nordestina (9%).

O índice foi considerado mais abaixo do que a média nacional, de 13%. A frequência de mulheres (11,3%) com esse padrão de consumo, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), era maior que a dos homens (8%).

O consumo de frutas aumenta com a idade e com o grau de escolaridade. As pessoas de 18 a 24 anos de idade 7,7% tinham o consumo recomendado. Para as pessoas de 60 anos ou mais de idade, o percentual foi de 13,3%.

O maior percentual registrado foi entre as pessoas com ensino superior completo (17,9%), contra 7,7% das pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto.

O feijão é mais popular entre os pernambucanos: 72,9% o consomem regularmente, ou seja, cinco ou mais dias por semana.

Entre os homens, o percentual era ainda maior: 79,4%, contra 67,6% entre as mulheres. No Recife, a proporção é inferior: 56,7%. Quanto ao consumo de peixes, 58,2% de pernambucanos o fazem ao menos uma vez por semana.

ESTUDO

Um estudo divulgado em novembro de 2020 pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) relacionou o consumo de alimentos ultraprocessados na infância o desenvolvimento de obesidade e hipertensão.

O trabalho foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Nutrição por Tafnes Oliveira. Realizada entre setembro de 2018 e novembro de 2019, a pesquisa avaliou 164 crianças, de 7 a 10 anos, de cinco escolas públicas de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata.

O estudo apontou que uma contribuição aumentada deste tipo de alimento foi positivamente associada à densidade energética, a partir da adição de açúcar, sódio e gorduras totais e trans, além de ser associado negativamente com o consumo de proteínas e fibras.

Segundo a autora, alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas com várias etapas de processamento, incluindo alguns ingredientes que fazem a comida mais saborosa, durável e baratas.

Ainda de acordo com o trabalho, doenças relacionadas ao consumo de alimentos com essas propriedades, a obesidade e a hipertensão arterial sistêmica, são problemas de saúde pública com aumento da prevalência em crianças e adolescentes em todo o mundo.

Segundo dados do estudo, “entre 1975 e 2016, a obesidade em crianças e adolescentes (5 a 19 anos) aumentou mais de dez vezes, de 11 milhões para cerca de 124 milhões no mundo”.

No Brasil, Brasil, estima-se que, em 2016, a prevalência de obesidade em meninas e meninos (5 a 9 anos) foi de 12,4% e 17,6%, respectivamente.

Além disso, a prevalência mundial de hipertensão em crianças e adolescentes foi de 4%, com uma tendência de aumento da prevalência nas últimas duas décadas.

As estimativas nacionais apontam variação de 2,1% a 8,6% em crianças em idade escolar e, ainda, sabe-se que a obesidade e a hipertensão arterial na infância pode persistir na adolescência e na idade adulta.

O estudo aponta que um levantamento realizado com crianças brasileiras (até 10 anos) mostrou que quase metade das calorias ingeridas (47%) foi fornecida por alimentos ultraprocessados.

Para a autora, os resultados reforçam a necessidade de implementação de estratégias preventivas de educação alimentar e nutricional no ambiente escolar.

O estudo aponta que o aumento no consumo de alimentos não processados ou minimamente processados deve ser enfatizado, contribuindo para a prevenção e o tratamento da hipertensão em crianças.

EXERCÍCIOS

A pesquisa do IBGE também abordou a prática do nível recomendado de atividade física no lazer. Esse hábito foi informado por 27,5% dos adultos pernambucanos, sendo 31,1% dos homens e 24,5% das mulheres. Este é o segundo pior índice do Nordeste e o sexto mais baixo do país.

Esse indicador tende a crescer com o nível de instrução e a diminuir para as idades mais elevadas. A proporção de pessoas insuficientemente ativas, que não praticaram atividade física ou se exercitaram por menos de 150 minutos por semana, atingiu quase metade da população (46,3%) e foi a quarta maior média do país.

Pessoas fisicamente ativas no trabalho são aquelas que andam a pé, fazem faxina pesada, carregam peso ou fazem esforço físico intenso, durante 150 minutos ou mais na semana. No estado, 38,2% dos adultos estavam nessa condição, sexta menor porcentagem do Brasil.

Valenoticiapb.com.br – Com G1 (PE)

 



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