Enem 2023: “Me sinto honrado e feliz”, diz único do DF a tirar mil na redação

O jovem brasiliense sempre gostou muito de escrever, incluindo outros gêneros textuais como crônicas, poesias e contos, e planeja cursar engenharia da computação na UnB

 

Lucca Santos Aguilar, 17 anos, morador de Sobradinho, foi o único estudante do Distrito Federal a tirar mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023. Em todo o país, 60 candidatos conquistaram a nota máxima. O jovem brasiliense sempre gostou muito de escrever, incluindo outros gêneros textuais como crônicas, poesias e contos, e planeja cursar engenharia da computação na Universidade de Brasília (UnB).

 

“Me sinto honrado e muito feliz por essa conquista, pois eu realmente não esperava que um sonho tão grandioso fosse se tornar realidade. Isso é fruto do meu esforço e do apoio da minha família, dos meus professores e de todos que estiveram ao meu lado nessa jornada”, conta Lucca ao Correio, que terminou o ensino médio no ano passado na Escola Leonardo da Vinci, na Asa Norte.

 

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Das 60 redações que tiraram nota máxima, apenas quatro estudantes da rede pública alcançaram mil pontos. Para Lucca, esse dado evidencia a disparidade de oportunidades entre os estudantes brasileiros. O jovem cobra atenção das autoridades. “A educação é um direito humano essencial e todo jovem, independentemente da instituição de ensino, cidade ou classe social, deve se sentir capaz de ser um aluno nota 1000”, defende o estudante.

 

O tema da redação deste ano foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Lucca avaliou positivamente a abordagem do Enem. Segundo ele, o tema foi pertinente à realidade do país. “O Brasil é uma nação culturalmente preconceituosa e esses estigmas afetam de diversas formas as pessoas, sobretudo a população feminina. Uma faceta dessa triste realidade é a invisibilidade do trabalho realizado pelas cuidadoras e donas de casa, que muitas vezes escutam coisas como ‘Está cansada? Mas você nem trabalha direito”‘, opina.

 

O jovem defende que as mulheres que exercem o trabalho do cuidado devem ter o esforço reconhecido e os direitos valorizados. “Seus trabalhos não devem representar um empecilho para seu desenvolvimento pessoal e não devem atrapalhar seus estudos. Quando uma prova nacionalmente reconhecida decide abordar esse assunto, é natural que as pessoas passem a refletir sobre o tema e observar a realidade de forma mais crítica, o que é sensacional”, argumenta o estudante.

 

Lucca afirma que a escolha do curso voltado para a área de tecnologia se deve ao potencial de impacto social. “Através do desenvolvimento de aparelhos e próteses médicas, programas de inteligência artificial diversos e aparatos tecnológicos que podem reduzir impactos ambientais. Sinto que vou ser feliz trabalhando nessa área e estarei ajudando outras pessoas, isso não tem preço”, cita.

 

Para alcançar a nota mil,  Lucca diz que lia bastante, o que o auxiliou no desenvolvimento do vocabulário e do senso crítico. “Outra coisa que me ajudou bastante a melhorar minha escrita foi participar de atividades extracurriculares, como a Iniciativa Logos e o programa júnior da Academia de Ciências de Nova York, projetos voltados para a iniciação científica de estudantes de escolas públicas e particulares. Participando deles, pude escrever artigos científicos, conhecer novas pessoas e estudar sobre assuntos diversos”, lembra o jovem.

 

Família como alicerce

 

O apoio da família na jornada estudantil foi essencial para Lucca. “Meus pais sempre foram meus fãs número um e sou muito privilegiado nisso. Graças a eles, pude fazer um curso de inglês, estudar em boas escolas, participar de um programa da rede pública para alunos com altas habilidades [no Centro de Ensino Fundamental 08 de Sobradinho II] e me desenvolver plenamente dentro e fora do âmbito acadêmico. Minha família sempre foi meu alicerce, está comigo nos momentos difíceis e também nas comemorações e eu sou muito grato por isso”, declara.

 

Lucca é filho de Oswaldin Santos, que é bancário, e da professora Lucimere Aguilar. A mãe do estudante atribui o excelente desempenho do filho no Enem ao trabalho coletivo que envolveu os pais, a escola e o próprio Lucca.  “Desde pequeno oferecemos muitas oportunidades para o Lucca, assim, ele teve a chance de vivenciar algumas coisas e escolher aquilo que mais o agradava. É uma sensação de alegria e orgulho muito grande. Além de ter tirado a nota 1000 na redação do Enem, ele se destacou muito, pois foi a única pessoa do Distrito Federal. É uma satisfação muito grande, sentimento de missão cumprida, pois ele é um menino muito esforçado, com dedicação e disciplina podemos colher bons frutos”, conta Lucimere.

O jovem sonha em poder trabalhar na Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) ou na Microsoft, além de fazer uma segunda graduação, mestrado ou doutorado em uma instituição de renome internacional, como Massachusetts Institute of Technology (MIT) ou a Universidade de São Paulo (USP). Lucca também almeja viajar pelo mundo.

 

“Eu valorizo muito a prática da cidadania, quero estar presente em projetos voluntários, impactar positivamente as pessoas e o mundo através das minhas ações e inspirar outros jovens a serem protagonistas em suas comunidades. Também carrego sonhos de infância, como ter um gatinho de estimação e escrever um livro, que, um dia, também se tornarão realidade”, relata Lucca.

 

Dicas do aluno nota mil

 

Lucca afirma que cuidar da saúde mental é fundamental no processo de estudar para vestibulares. “Não adianta saber todo o conteúdo, todos os repertórios possíveis, todas as fórmulas, mas não conseguir fazer a prova devido a uma crise de ansiedade ou não se sentir confiante e relaxado. Essa reta final do ensino médio é cheia de pressão e autocobrança, um período difícil de se navegar, e é importante cuidar de si”, ressalta.

 

Sendo assim, o jovem recomenda que os candidatos do Enem façam atividades físicas, passem tempo com as pessoas que ama, conectem-se com a espiritualidade (se houver) e pratiquem hobbies.  Outra dica dada pelo estudante é tentar encontrar um parceiro de estudos ou montar um grupo com essa finalidade.

 

“Estar com outras pessoas pode te ajudar a manter a disciplina, tirar suas dúvidas e te motivar. Mas é importante avaliar se isso é produtivo para você e entender melhor os métodos de estudo que mais te agradam. Tenho certeza que todos são capazes de obter resultados incríveis e vale lembrar que cada trajetória é única, a comparação não vai te ajudar nesse caminho. Dedique-se, busque apoio e não desista de alcançar seus objetivos”, finaliza Lucca.

 

www.valenoticiapb.com.br – Por Aline Gouveia, Correio Braziliense

 

 

 



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