Cantor Belo pede desculpas por aglomeração, mas diz estar em ‘choque’ por prisão

Nota enviada pelo cantor questionou por que não houve prisões em outros eventos com aglomeração no Rio. ‘Exemplo dessa distinção é o fato de não haver registro de prisões na interdição de um baile de carnaval realizado na mesma data, na Lagoa’, questiona a equipe do artista.

 

O cantor Belo se manifestou – por meio de nota e em uma rápida entrevista – sobre sua prisão, ocorrida nesta quarta-feira (17).

 

O artista pediu desculpas pela aglomeração no show, realizado no Complexo da Maré, mas disse estar em “estado de choque” e que vai recorrer da decisão.

 

A nota enviada pela equipe do cantor questionou também por que outros eventos, como um baile de carnaval na Lagoa, não terminaram com artistas ou produtores presos (leia a íntegra abaixo).

 

Belo foi preso em Angra dos Reis e levado para a Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio, para prestar depoimento, antes de seguir para um presídio. Na saída, ele disse não entender o motivo da prisão.

 

“Até agora eu não entendi o que eu fiz para estar passando por essa situação. Quero saber qual o crime que eu cometi. Subi no palco e cantei (…) Se eu não posso cantar para o público, a minha vida acabou”, declarou.

 

O artista, dois produtores e um traficante são investigados pela realização de um show no sábado (13), no Parque União, na Maré.

 

Segundo a polícia, eles violaram um decreto municipal que proibiu aglomerações no carnaval e contribuíram com a disseminação do coronavírus, colocando em risco a vida de centenas de pessoas.

 

Íntegra da nota de Belo

 

“O cantor Belo, sua família e equipe estão surpresos e consternados com o mandado de prisão preventiva cumprido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 17, no âmbito da investigação sobre a apresentação do músico em evento no último sábado, 13, no Complexo da Maré, Zona Norte da capital fluminense. O show foi legalmente contratado pela produtora Série Gold, conforme comprovam notas fiscais e outros documentos já entregues às autoridades.

 

O espanto se dá em razão da prisão ter ocorrido mesmo após parecer contrário do Ministério Público (MP) e também da falta de isonomia quando se trata de apresentações artísticas durante a pandemia da Covid-19, pela qual Belo teve a saúde acometida há três meses e a agenda cancelada integralmente há um ano.

 

Ciente da gravidade da crise sanitária, Belo pede desculpas por ter se apresentado em uma aglomeração. O cantor retomou há pouco uma agenda parcial de shows, com compromissos ainda insuficientes para reverter o prejuízo dos meses em que esteve impedido de trabalhar, enquanto indústria, comércio e outras atividades de lazer — inclusive as casas de show — voltaram a funcionar, ainda que com restrições. Como qualquer brasileiro, Belo é um cidadão com contas a pagar por meio de sua atividade profissional e sempre o fará sem distinções, principalmente de classe social.

 

Completa o estado de choque do cantor o fato de que o evento de sábado não foi o primeiro e nem será o último em que aglomerações fugiram do controle dos organizadores. No entanto, chamou atenção das autoridades, de maneira mais expressiva, justamente um episódio na Maré, uma das maiores favelas cariocas, onde eventos culturais já são comumente reprimidos pela ideia de que os moradores de comunidades não merecem vivenciar a arte da mesma maneira do que aqueles que residem em áreas mais ricas da cidade. Ecoando o questionamento feito ao longo do dia nas redes sociais, a equipe de Belo também se pergunta se a situação seria a mesma caso o show ocorresse em bairros da Zona Sul e com artistas de gêneros musicais menos negligenciados do que o pagode. Um exemplo dessa distinção é o fato de não haver registro de prisões na interdição de um baile de carnaval realizado na mesma data, na Lagoa.

 

Em seu show, Belo buscou, como feito em todos os trabalhos da carreira, a proteção de seu staff, dentro das escolhas que lhe cabiam. Os cuidados com o público eram de responsabilidade do contratante, bem como a escolha do local em que a apresentação ocorreu. Não havia conhecimento prévio, por parte do músico, de que o local em questão era a escola municipal Ciep 326. Pai de quatro filhos que estão ou já estiveram em idade escolar, Belo respeita a educação, principalmente a que acolhe crianças da periferia e não compactua com qualquer situação em que seja invadida e desrespeitada uma instituição de ensino.

 

No mais, Belo e equipe informam que irão buscar reverter a prisão judicialmente, bem como comprovar, com o cantor em liberdade, sua inocência em relação ao caso”.

www.valenoticiapb.com.br – Com G1 (Rio)



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